5 grandes lições do Education Exchange 2019

25 de abril de 2019

Postado por Vineet Sharan em Notícias Educação, Tecnologia da Educação

um grupo de cinco pessoas que estão olhando para a câmera e sorrindo. Eles estão segurando a bandeira do Brasil.

*Por Ivan Canuto (Colégio Santo Agostinho), Patrick Bonnereau (Colégio Santo Agostinho) e Danielle Vasconcelos (Escola Caminho Aberto)

Quatro brasileiros representaram o Brasil na Education Exchange 2019, maior evento de educação da Microsoft, que aconteceu em Paris entre os dias 2 e 4 de abril. O evento reuniu 300 projetos de educadores inovadores de todo o mundo. Ao todo, professores MIE Experts de mais de 60 países participaram do processo seletivo e foram selecionados para passar uma semana cheia de trocas intensas. O evento certamente mudou para sempre a nossa vida, e voltamos para os nossos países cheios de histórias e aprendizados para compartilhar.

O time do Brasil viveu uma experiência inesquecível, e por isso preparamos alguns aprendizados que vimos por lá e que já são tendências no mercado educacional:

 

1 – Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estão em pauta em quase todas as propostas educacionais: professores do mundo inteiro estão atentos aos objetivos e orientam sua prática em torno deles.

Agenda da ONU

Conheça a agenda da ONU clicando nesse link

 

Pegando gancho nesse tópico, os participantes do evento foram desafiados a se engajar em um plano de aula colaborativo sobre um tema que envolvesse Paris e que promovesse a colaboração, a criatividade, a voz do estudante e a inclusão. Divididos em grupos de cinco ou seis pessoas, MIE Experts e Fellows fizeram um tour pela cidade e tinham que coletar dados para a atividade, como tirar selfie na Torre Eiffel e coletar um menu de um restaurante.

Durante todo o trajeto as proposições de tema já vinham associadas a alguma ODS. É como se a aula fizesse menos sentido se não fosse posicionada para desenvolver algum dos Objetivos da Agenda 2030.

“É uma alegria imensa perceber o quanto os professores mais visionários e tecnológicos de seus países estão sensivelmente ligados aos temas humanitários internacionais. A sensação que fica é que qualquer disciplina ou conhecimento compartimentado, como matemática, física, história, entre outros, faz menos sentido se está encerrado em si mesmo, ficando em segundo plano diante da temática principal determinada pelo coletivo”, afirma Patrick Bonnereau, do Colégio Santo Agostinho (acesse o link da instituição). O evento reuniu professores de disciplinas diferentes e nenhum estava preocupado se aquele plano de aula ia utilizar algum recorte específico de “seu” conteúdo ou se ia esgotá-lo. O foco era sempre o desenvolvimento do estudante para um mundo mais globalizado e sustentável.
 professores pulando e olhando para cÂmera

Os professores cumprindo uma das etapas do desafio

 

2 – Mão na massa é uma tendência fortíssima: o STEM (em português, sigla para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) parece não ser mais novidade entre os educadores mais antenados. Mesmo assim, não está plenamente implementado nas escolas pelas peculiaridades logísticas, pelos problemas de estrutura e também pela mudança de paradigma que exige. O que vimos no Education Exchange foi espetacular! As equipes apresentaram enorme preocupação em desenvolver novos meios de fazer o estudante produzir algo por si só.

3 – O estudante como protagonista na sala de aula é palavra de ordem: “Vamos deixar o estudante tomar decisões relevantes”, era o que os participantes do evento perseguiam na hora de definir as regras do jogo em seus planos de aula. “Deixar a turma decidir se vamos começar a resolver a lista de exercícios pelos números pares ou ímpares não é exatamente o tipo de autonomia que estamos procurando”, explica Ivan Pontelo, professor do Colégio Santo Agostinho, um dos representantes da equipe brasileira em Paris.

Os planos de aula internacionais, criados durante o evento, quase sempre previam escolhas importantes que deveriam ser feitas pelos estudantes, desde o recorte do conteúdo, passando pela forma de interagir com o conhecimento e muitas vezes culminando na escolha da maneira de compartilhar os resultados.

As trilhas de aprendizado convencionais, uma forma autônoma dos estudante se relacionarem com o conhecimento a distância, estão abaixo da régua de alguns professores que as consideram forma intermediária de estimular a autonomia em suas aulas. “Quando os estudantes seguem uma trilha de aprendizado com vídeos e textos pré-selecionados, temos muito mais autonomia e autorregulação que uma aula expositiva. Mesmo assim, se estamos falando de construção de conhecimento, precisamos mais do que isso. O estudante precisa REALMENTE tomar decisões relevantes, inclusive do que e como estudar”, diz Nathali Mathie, professora de Inglês na Saint Bénigne highschool, em Dijon, na França.

Duas pessoas olhando para câmera e sorrindo

Danielle Lima (Escola Caminho Aberto) em um momento de descontração com o VP de educação mundial da Microsoft, Anthony Salcito  

 

4 – Professores que usam tecnologia para auxiliar e ampliar o trabalho têm mais tempo para pesquisa e planejamento: passando pelo Market Place e vendo 300 projetos incríveis de professores inovadores, fica uma pergunta: Como eles arranjam tempo e criatividade para tanta ideia incrível e processo sofisticado? Cadernos de teoria produzidos colaborativamente, festivais de curtas produzidos pelos estudantes e sistemas de automação para auxiliar no controle de distribuição de pontos em projetos, estão entre as práticas incríveis compartilhadas no evento. Trabalhos de longa duração, liberdade para o estudante tomar decisões e diversidade da forma de entrega podem se tornar um pesadelo logístico e quem é professor sabe disso muito bem.

Fomos investigar o que tornava isso possível para aqueles educadores e entrevistamos o professor James Wilton, do Reino Unido, sobre sua prática. Wilton utiliza o OneNote para construir o material didático colaborativamente com seus alunos. Cada grupo produz seu próprio material ao longo do ano e ele seleciona o mais completo para ser o “Livro Didático Oficial”, que é postado no repositório da turma como a referência para estudo. Os estudantes então “corrigem” seu próprio material baseando-se naquele que foi construído pelo colega. Segundo Wilton, nem todos em sua escola enxergam os benefícios desse tipo de abordagem, e a maioria alega impedimentos por falta de tempo:“Meus colegas dizem que eu fico inventando coisas impossíveis de fazer com o tempo escasso de um professor’, afirma.

Wilton também explicou que as ferramentas da Microsoft combinadas geram controles e automações de todos os tipos e que poupam horas de trabalho dos professores. “O tempo que esses recursos me poupauram, eu invisto em pesquisa e na qualidade do meu planejamento. Minhas aulas ficaram melhores e meu trabalho fica mais prazeroso a cada ano”, enfatiza Wilson.

Grande parte dos projetos exibidos no Market Place descreviam processos em que o estudante recebia desafios e o professor conseguia acompanhar e dar feedback sem aumento de carga de trabalho. Em tempos de repensar a educação, reservar uma parte da jornada de trabalho para estudo é muito importante.

Um grupo de pessoas em um palco

Nossa MIE Fellow, Julci Rocha, no palco da E2

 

5 – Existem professores apaixonados pela educação transformadora em todos os lugares do mundo: “O E2 parecia um oásis em meio ao deserto enfrentado por todos nós”, exclamou Rámon Guerra, professor no Panamá. A injustiça na educação não é exclusividade de países em desenvolvimento. Falta de recursos, de valorização, formação inicial precária, gestão tradicional, burocracia. Quem nunca se sentiu solitário na prática docente? Ou ouviu um comentário desrespeitoso sobre essa escolha profissional? Tantos desafios podem desanimar qualquer um, mas durante o evento, vimos professores usando capas, como se fossem super-heróis. Eles estavam empolgados em visitar o Louvre? Não! Mas super animados em produzir mais um plano de aula. Se fosse possível traduzir o sentimento dos quase 300 professores lá presentes em uma hashtag, com certeza seria: #orgulhodeserprofessor. O auditório principal parecia a Liga da Justiça, reunindo heróis com diferentes poderes. Não é à toa que recebemos o título de #changemakers: os que fazem mudanças, transformadores.

“Tantos países e culturas diferentes em uma única missão: uma educação inovadora, que proporcione aos nossos alunos uma aprendizagem significativa, com protagonismo, que os preparem positivamente para mudar o mundo. E mesmo em meio a tantos idiomas, mediados pelo inglês na maior parte do tempo, todos nós falamos a mesma língua, o amor pela sala de aula!”, assim definiu Zorit Jassin, professor de Israel.

“Minha experiência na Education Exchange 2019 foi muito especial, principalmente por estar representando o Brasil como MIE Fellow. O que trago na bagagem, como grande aprendizado, é o papel de liderar um time que tem uma missão altamente engajadora a ser realizada em um curto espaço de tempo e com desafios de comunicação por conta da língua. Além disso, trago na mala o prêmio de destaque na categoria Criatividade, conquistado pelo meu time e disputado com outros 48 times”, afirma Julci Rocha, diretora da Redesenho Educacional (clique aqui e acesse o site da empresa) e MIE Fellow, orgulhosa desse feito para o Brasil.

Um grupo de pessoas segurando bandeiras de seus países, sorrindo e olhando para a câmera

Professores reunidos na Education Exchange, intercâmbio com educadores do mundo todo

 

Outros temas que foram muito abordados pelos professores durante a troca de experiências:

As rubricas estão chegando para ficar (MCE).

Pensamento computacional vai virar letramento básico (ICT);

Minecraft: Education Edition é um mundo de possibilidades para a educação;

OneNote é uma ferramenta excelente para a educação colaborativa;

FlipGrid é a bola da vez para dar voz aos estudantes;

Educação transformadora significa educar para transformar a vida das crianças, que consequentemente vão mudar o mundo.

 

Conhecer histórias incríveis e ao mesmo tempo ser inspirar pelas práticas no Market Place causou uma profunda reflexão sobre nosso trabalho. A paixão pela educação já existia, mas agora ela acha eco na voz de todos esses professores, ocupa suas salas de aula, rompe fronteiras, derruba muros e vemos que sim, achamos a nossa turma e somos poderosos! Somos changemakers! E não há kriptonita no mundo que nos enfraqueça.

Professor, faça parte você também da nossa Comunidade de Educadores e se junte ao time de professores que estão transformando a educação por meio da tecnologia: education.microsoft.com.

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